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Especialista internacional divulga benefícios e desafios dos adesivos aquosos em calçados

Especialista internacional divulga benefícios e desafios dos adesivos aquosos em calçados 20 JUNHO

No dia 31 de maio, o engenheiro de adesivos industriais e especialista da Covestro na introdução e implantação de adesivos base água, Freeman Fu, realizou na sede do Instituto Brasileiro de Tecnologia do Couro, Calçado e Artefatos (IBTeC), em Novo Hamburgo/RS, a palestra Adesivos base água: tecnologias, performance e benefícios. O painel aconteceu durante o Happy Hour com Tecnologia numa iniciativa do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do instituto.

Compartilhando a experiência adquirida ao longo da sua carreira profissional na China e junto a grandes marcas globais como Nike e Adidas, o engenheiro destacou que, desde os primeiros adesivos base água lançados ainda na década de 1990, a tecnologia evoluiu para atender as demandas do mercado, como melhorar a performance na linha de produção e eliminar as substâncias restritivas.

Ele salientou que em 2005 em torno de 5% dos adesivos usados pela indústria chinesa eram em base aquosa e a meta é que até 2022 este montante chegue a 60% do total. Em relação à performance do portfolio de adesivos aquosos, enfatizou a flexibilidade e a adaptabilidade junto as diversas linhas de produtos, bem como a performance e eficiência em diferentes aplicações. Também destacou que existem pressupostos técnicos para se obter sucesso na implantação e que é necessário um alinhamento entre as formulações e as necessidades dos calçadistas. Avaliou ainda que com o apelo sustentável as empresas melhoram a imagem perante os públicos externo e interno, ampliam mercados e conquistam novas oportunidades de negócios.

Mercado chinês

Ele lembrou que a China é grande produtora de calçados para exportação e, dependendo do nicho, chega a embarcar até 80% do volume fabricado. Com uma população de 1,371 bilhão de pessoas (segundo o censo de 2015 realizado pelo Banco Mundial), o consumo de sapatos per capita, de acordo com o palestrante, é de 2,5 pares. “Comparando com os EUA, onde são 7,0 pares por pessoa e mesmo o Brasil, com 3,8 pares, há grande espaço para crescimento. A intenção é aumentar em 4% o consumo de calçados entre a população chinesa num período de 4 a 5 anos”, comunicou o palestrante. Isso representaria 137 milhões de pares a mais, passando de 3,42 bilhões para 3,56 bilhões de pares anuais consumidos, o que gera oportunidades para fornecedores que investirem em marca e sustentabilidade agregando valor ao produto.

Mas da mesma maneira que o mercado chinês oferece chances para negócios, também representa alto poder de concorrência. No caso dos calçados, Freeman Fu comentou que as empresas chinesas cada vez mais estão produzindo marcas próprias, o que vai pressionar o mercado mundial de calçados com a oferta de novas etiquetas. A inovação, principalmente voltada à sustentabilidade ambiental, é cada vez mais importante para a indústria chinesa. O país enfrenta grandes problemas devido ao impacto ambiental gerado pelo aumento da população e, consequentemente, o crescimento do consumo e a ampliação das áreas degradadas na natureza.

Além disso o mercado externo, especialmente a Europa, tem legislações ambientais muito rígidas, exigindo a adequação dos produtos a serem consumidos. Os órgãos fiscalizadores na China e os próprios consumidores locais, que hoje têm muito mais acesso a informações e disponibilidade de recursos, exigem das marcas uma postura mais responsável. Neste cenário, os adesivos base água têm sido aliados das empresas.

Considerando que os investimentos para implantar a tecnologia para a colagem em base aquosa são baixos, sendo diluídos pela produção em volume, o palestrante lembrou que o adesivo é um dos componentes para a fixação dos materiais, mas não o único. Fu ressaltou que não existe mágica, o projeto para a migração da tecnologia demanda a compreensão dos materiais e processos, abrangendo desde a cadeia de fornecedores até as necessidades técnicas na linha de produção.

“É preciso pensar nos substratos usados, pois alguns migram mais e outros menos, e isso é muito importante para a formulação do adesivo. Também deve ser levado em conta a forma de aplicação - se por spray ou pincel, além de treinar a equipe para aprender a usar somente a quantidade necessária do substrato, que é menor que o em base solvente, devido à volatilidade do segundo produto, que gera perdas durante o processo”, explicou.


Tendências

Salientando que os problemas técnicos gerados na substituição do sistema base solvente para o base água dependem muito da realidade de cada empresa, o especialista destacou alguns aspectos em avanço neste segmento.
- A impressão 3D em processos robotizados já são usados por grandes marcas, mas vai demorar um pouco para ser usada em larga escala no setor; 
- A impressão 2D já é realidade, principalmente em cabedais de calçados esportivos;
- A próxima geração de adesivos deve priorizar a simplificação do processo de colagem e o primer vai ser eliminado;
- A performance dos adesivos aquosos será cada vez melhor nos diversos materiais. 


Caso Red Dragonfly

O palestrante também destacou o caso da marca chinesa Red Dragonfly, que é um sucesso no uso de tecnologia base água. “Nesta empresa o calçado não é visto como um produto de consumo, mas como um conceito”, comentou. Presente na bolsa valores eletrônica Nasdaq, dos EUA - a segunda maior em valor de mercado do mundo -, a companhia se preocupa com a reputação, o posicionamento e a diferenciação da marca no mercado.

Foi o primeiro calçado feminino da China a migrar para a base água, e isso aconteceu em 2008. A organização produzia anualmente 20 milhões de pares e hoje fabrica 35 milhões de pares. Por ter gerado uma economia de 500 toneladas de solvente, foi premiada pelo governo chinês.

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